Por Anna Monteiro / ASSCOM
Com o objetivo de estimular a leitura em toda Rede Municipal de Ensino de Juazeiro, a Secretaria de Educação e Esportes (SEDUC), ao longo dos últimos três anos, implantou projetos que apresentaram bons resultados, comprovados inclusive pela evolução do desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação Educacional do município (SAEJ). Desde a educação infantil com as “Bebetecas”, até a Educação de Jovens e Adultos com o projeto “Cordel em Sala de Aula”, foram contempladas 111 escolas e mais de 30 mil alunos.
Para a iniciativa ser bem sucedida muitos instrumentos foram utilizados, como as bibliotecas itinerantes e os livros paradidáticos, que foram distribuídos pelo programa municipal “É Hora de Ler”. Entre 2009 e 2010 mais de 17 mil unidades foram entregues à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Uma nova remessa de 14.390 títulos chegarão às escolas, agora em março. De acordo com a Diretora de Ensino Fundamental, EJA e Educação Especial, Sônia Passos, as aquisições cumpriram bem o papel de formar leitores. “Muitos alunos da rede alcançaram a meta de 4 livros lidos por mês. Esta é a prova de que as crianças estão descobrindo o prazer de se aventurar pelo mundo da leitura”, afirma, categórica.
Dentro dessa proposta, as crianças começam a ter contato com os livros ainda nos primeiros anos de vida. Os exemplares de plástico, com dobraduras, texturas e sons que compõem as Bebetecas proporcionam aos pequenos “leitores” o primeiro contato com esse mundo fascinante e o desenvolvimento do pensamento cognitivo. Nessa prática pedagógica, são ampliadas a linguagem oral e a comunicação, além do despertar dos sentidos, através dos diferentes elementos que compõem os materiais de trabalho (livros). Na opinião da educadora Luciana Leite da Silva, o ganho é imensurável, “ver crianças dessa idade lendo imagens, compreendendo e reproduzindo histórias é satisfatório e faz a gente ter a certeza de que o projeto de incentivo à leitura da Rede Municipal faz a diferença”.
Reforço
Um reforço extra surgiu do projeto “O Autor na Escola”, que buscou através da presença do Seu Daniel José Paulino – que assina o livro “No Viver do Vale das Águas”, estimular nos estudantes do Ensino Fundamental II, o hábito de ler e de produzir textos. Nesta primeira etapa, foram contempladas 5 escolas da zona rural. Agora em 2012, outras unidades de ensino e autores ampliarão esse número.
“O primeiro convidado foi Seu Daniel, mas a expectativa é de que outros nomes participem. Nesta ação, um autor local concede palestras e fala sobre a obra aos alunos, com o objetivo de incentivá-los. Assim, nós prestigiamos os talentos da região, e formamos, quem sabe, novos escritores”, explica a Diretora Sônia Passos.
As atividades não encerram com a visita. Na mesma semana professores de diversas áreas trabalham com os alunos em sala de aula pontos como leitura de imagens, produção de texto, reprodução de desenhos ilustrativos, pesquisa sobre temas levantados pela produção literária, entre outras questões.
Formação para professores
Com objetivo similar, o projeto “Cordel em Sala de Aula” preparou professores de EJA para utilização do recurso literário (junto aos alunos), como mecanismo de motivação para a leitura, escrita, busca de conhecimentos e expressão. Encabeçado pelo poeta e cordelista Maviael Mello com o apoio da SEDUC, a iniciativa formou mais de 100 educadores entre 2009 e 2011 e beneficiou em torno de 4 mil estudantes.
“Nós conseguimos oportunizar aos alunos e professores de EJA, uma identificação com a Literatura Popular e o despertar da percepção poética. Utilizamos o cordel como ferramenta pedagógica, reforçando a necessidade da leitura. Todos absorveram muito bem o trabalho e os resultados foram positivos”, comenta o pai do projeto. Em agosto do ano passado, durante a semana do Folclore, aconteceu a culminância do programa com a realização de um Encontro de Educação e Cordel. Na oportunidade, educadores e alunos puderam apresentar suas produções.
Resultados
Na última avaliação do SAEJ, que identifica os estágios de aprendizagem, os alunos apresentaram evolução em muitas matrizes de referência e descritores. Atualmente, a média geral do 4º ano a 8º série em Língua Portuguesa é 4,9 e, em dois anos, o percentual de alunos que estão entre o nível bom e excelente de leitura passou de 16 a 23%.
Talvez até mais importante que os números, estão as opiniões de alguns educadores que vivenciam a mudança de realidade, como é o caso da professora Zidane dos Santos. Segundo ela, “muitas escolas particulares não dispõem do material e dos projetos que, hoje, a rede municipal possui. É tudo de excelente qualidade”. Ratificando, o gestor Josivan Santos, revela que “o momento vivido pela educação é marcante para todos. Neste novo cenário, os profissionais têm prazer de trabalhar e as crianças de estudar”.